Teorias sobre a origem da vida

Você já parou pra pensar sobre a quantidade e a complexidade de organismos que existem na Terra?
A quantidade é inimaginável, o que temos são apenas estimativas e nem sabemos o quanto esses números chegam perto da realidade. E quanto à complexidade, existem desde organismos formados por uma única célula a organismos que possuem trilhões de células. Pensando nessas coisas é impossível não questionar sobre como a vida se originou no planeta Terra. E cada pergunta que fazemos nos leva a outra e mais outra, mas vamos focar na origem.

Como surgiu a vida na Terra?

Essa pergunta, sem dúvida, tem sido feita desde que o ser humano adquiriu a capacidade de refletir sobre si mesmo e o mundo à sua volta, e muitas explicações surgiram, seja por meio de lendas, contos, textos religiosos ou científicos. Aqui trataremos apenas das teorias científicas e conhecer os experimentos que alguns cientistas realizaram para compreender a origem dos seres vivos


1. Teoria da geração espontânea (abiogênese)

A geração espontânea implica que algo vivo pode surgir de algo não vivo. Hoje nos perguntamos: COMO ASSIM?! ÓBVIO QUE ALGO VIVO VEM DE ALGO VIVO!! Mas antigamente as pessoas acreditavam que algo vivo podia sim surgir de algo não vivo, por exemplo, acreditava-se que a lama dava origem a sapos, ou que carne podre dava origem a larvas. Isso porque as pessoas não acompanhavam o desenvolvimento desses organismos e não viam na verdade de onde e de quê se originavam. As pessoas simplesmente sabiam que onde tem lama, provavelmente tem sapo e se a carne apodrece certamente encontrarão larvas. Por isso imaginavam que coisas não vivas davam origem a organismos vivos. Esse pensamento perdurou até meados do século XIX e ficou conhecido como teoria da abiogênese (do grego: a = prefixo de negação; bio = vida; génesis = origem).

2. Teoria da biogênese

Um dos primeiros cientistas a questionar essa teoria da geração espontânea foi Francesco Redi (1626-1697). Ele observou com mais detalhes que corpos em decomposição atraem moscas, e estas colocam seus ovos, de onde surgem as larvas e se transformam em moscas adultas. Com esta observação Redi concluiu que as larvas não surgiam espontaneamente a partir de carnes em decomposição. Mas sim que as larvas fazem parte do ciclo de vida das moscas. E como todo cientista Redi fez um experimento para testar sua hipótese de que as moscas não surgiam espontaneamente de carnes apodrecidas. 

O EXPERIMENTO DE REDI


Esse experimento suportou a hipótese de Redi, e ele generalizou sua conclusão afirmando que todo ser vivo vem de outro ser vivo, mas Redi acreditava na geração espontânea de outras formas de vida. Na época que Redi viveu o microscópio já havia sido inventado e já se sabia da existência de microrganismos, que naquela época eram chamados de "animáculos" ou "infusórios", e muita discussão foi gerada sobre a origem dessas formas de vida.

Experimentos para entender a origem dos microrganismos

A origem dos seres microscópicos foi bastante discutida, havia quem acreditasse que eles surgiam espontaneamente, enquanto outros defendiam o contrário. Dois naturalistas se destacaram nessa discussão: John Needham (1713-1781) e Lazzaro Spallazani (1729-1799).

Needham gostava muito de observar os "animáculos" pelo microscópio e acreditava que eles surgiam espontaneamente. Em um de seus experimentos, Needham preparou caldo de carne e distribuiu ainda quente, em frascos vedados com rolhas e os deixou em descanso por alguns dias. Ele gostaria de saber se a vida era produzida por algo fora do frasco ou se surgia a partir do próprio caldo que ele havia preparado. Como ele fechou completamente os frascos ele esperava que se a vida vinha mesmo de algo de fora, não haveria nenhum animáculo no caldo. Mas suas observações mostraram o contrário, fazendo-o concluir que a vida surgia espontaneamente do caldo.

Alguns cientistas contestavam os resultados de Needham, dizendo que poderia haver ovos dos animáculos no caldo, ou nas paredes dos frascos, e que ele poderia não ter esquentado o caldo o suficiente para matar todos os microrganismos e assim poderiam ter voltado a se proliferar, essa última contestação foi feita por Spallazani e ele realizou um experimento parecido com o de Needham para testar sua hipótese.

Spallazani colocou substâncias nutritivas em balões de vidro, ferveu-os por bastante tempo e selou os balões usando um maçarico, para derreter o vidro e assim fechá-lo hermeticamente, deixou esfriar por alguns dias e quando abriu e observou o conteúdo no microscópio não encontrou nenhum microrganismo. Então ele concluiu que os microrganismo vinham do ar, não gerados espontaneamente no líquido interno.

Needham rebateu Spallazani dizendo que ele teria fervido demais a substancia fazendo com que a "força vital" fosse destruída. Isso fazia parte de uma corrente de pensamento da época, o vitalismo. Que pra tudo existe uma força invisível que controla desde os astros até a própria vida. Mas eles falharam em explicar uma força unificadora capaz de explicar todos os fenômenos.

Dois fatores interferiam no experimento dos cientistas para tentarem explicar a origem da vida: o ar e o princípio vital. Foi só depois de uns cem anos que um cientista realizou um experimento capaz de derrotar os defensores da abiogênese, esse cientista foi Louis Pasteur (1822-1895).

O experimento de Pasteur

Assim como Spallazani, Pasteur usou a técnica de moldar o vidro utilizando maçarico. Ele esticou o pescoço do balão de vidro para formar uma curva em forma de S que chamou de pescoço de cisne, por conta dessa curva o vidro ficava aberto.

Em seu experimento, Pasteur também ferveu bem o caldo de carne de modo que não houvesse nenhum microrganismo, e apesar de permitir a entrada de ar, os microrganismos ficavam depositados no fundo da curvatura em S junto com gotículas de água que eram formadas após o resfriamento. Em outros balões ele quebrava o pescoço de cisne fazendo com que o ar entrasse em contato direto com o caldo, nesses balões os microrganismos se proliferavam.

EXPERIMENTO DE PASTEUR

Com isso, Pasteur concluiu que os microrganismos encontrados no caldo provém do ar, e que não há uma "força vital" como acreditavam os defensores da abiogênese. Assim a teoria da biogênese foi ganhando força, mas uma pergunta ainda pairava sobre todo esse debate: se toda forma de vida provém de outra forma de vida, como surgiu o primeiro ser vivo? A resposta mais aceita até hoje é a origem por evolução química, teoria proposta por Oparin e Haldane.

A teoria de Oparin e Haldane

Aleksandr I. Oparin (1894-1980) e John B. S. Haldane (1892-1964), o primeiro era russo e o segundo era escocês, trabalhavam de forma independente e chegaram à mesma conclusão, de que na Terra primitiva, como as condições eram totalmente diferentes das de hoje, a vida teria surgido a partir de compostos orgânicos, mas sem vida, e isso teria levado milhões de anos.

Segundo Oparin e Haldane, na Terra primitiva as erupções vulcânicas eram muito frequentes, isso causava a liberação de gases tóxicos e outras partículas na atmosfera, e a atmosfera era formada basicamente por metano (CH4), amônia (NH3), hidrogênio (H2), e vapor d'água. Com o resfriamento da Terra, havia chuvas constantes, que permitiu o acúmulo na crosta formando assim os mares. As fortes descargas elétricas e radiação forneceram energia para que as partículas presentes na atmosfera se unissem, dando origem a moléculas mais complexas, que seriam as primeiras moléculas orgânicas. Estas moléculas eram levadas para os mares pelas águas das chuvas. Os mares primitivos eram quentes e rasos, eram condições propícias para a formação da "sopa primordial" que eram as águas dos mares ricas em matéria orgânica. Essas moléculas ao longo de muitos anos teriam começado a formar agregados, chamados de coacervados, que seriam as moléculas orgânicas reunidas, envoltas por moléculas de água.

Os coacervados seriam então um sistema semi isolado do ambiente, capaz de realizar trocas com o meio externo e manter o meio interno protegido, mas eles não são considerados seres vivos. Não se sabe como a primeira célula surgiu, mas quando sistemas equivalentes aos coacervados com capacidade de reprodução e regulação interna, supõe-se que nesse momento o primeiro ser vivo teria surgido.

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